segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Poema deveras miserável

Se demasiado humano
é o amor
deveras miserável
é sua dor

E nestes versos padece a verdade
pois não recito o amável
regalar da falsidade


Então não peças meu bem
já é tarde
A tranca pesada
protege nossa casa
Pois a rua esconde perigos
que você não crê, não vê
Desculpe se não consigo
lhe deixar viver como vivo

Pois se o mundo me tem
não quero que a tenha
Ele pode lhe encantar
e você jamais voltar

Todos temos medo,
e eu tenho os meus
medo daquilo que faz
eu não lhe ter mais

Medo que sejas livre
deste amor teu
que, ao menos um dia
eu posso dizer que tive

Se liberdade só combina
com um amor de concumbina
Ela jamais se entrelaça
num só homem que lhe abraça

Sim tenho coragem
de admitir tal mediocridade
que seja ao menos uma virtude
abrir-lhe isso amiúde

Pois se lhe devoto com fervor
cada pétala desta flor
Também careço assim
do teu vício para mim

E, se é miserável
este jogo de um só lado
Nunca, jamais,
deixará de ser amor
nem deixará de inspirar
as rosas do cantor
os lençóis a ambientar
a atriz e o seu ator









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