Nas manhãs sonolentas
eu tateava as cortinas
com as palmas lentas
procurava ver o dia
e entre as folhas verdes
flagar o céu azul
sentindo o fresco flerte
dos ventos lá do sul
Os bem-te-vis empoleirados
e seus peitos amarelos
Sempre atenciosos
e sempre tão belos
Me diziam bem formosos
como se o único a ser olhado
fosse eu a despertar
De olhos embargados
piscando enevoados
procurando o uniforme
Me tiravam dos meus sonhos
dedurando aos alaridos
o meu lento esconderijo
"Bem-te-vi! Bem-te-vi!"
Se não era a mamãe
me chamando de benzinho
poderia então ser quem,
senão os passarinhos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário