sábado, 22 de setembro de 2012

Manhãs com oito anos

Nas manhãs sonolentas
eu tateava as cortinas
com as palmas lentas
procurava ver o dia
e entre as folhas verdes
flagar o céu azul
sentindo o fresco flerte
dos ventos lá do sul

Os bem-te-vis empoleirados
e seus peitos amarelos
Sempre atenciosos
e sempre tão belos

Me diziam bem formosos
como se o único a ser olhado
fosse eu a despertar
De olhos embargados
piscando enevoados
procurando o uniforme

Me tiravam dos meus sonhos
dedurando aos alaridos
o meu lento esconderijo
"Bem-te-vi! Bem-te-vi!"

Se não era a mamãe
me chamando de benzinho
poderia então ser quem,
senão os passarinhos?





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