Pois são nessas noites quentes
que meu dedo tão carente
pede cordas de viola
mas tem gente que se amola...
Bem podiam esses sonhos,
que passeam nos vizinhos,
lhes tamparem os ouvidos!
Ah, isso eu gostaria,
me proteger do meu roncar!
Eu jamais acordaria
bem na hora de beijar...
É pena que não vive
esta doce ilusão
Engasgado me contive
fui calar meu violão...
Minha música me vaia
abortei sua gravidez
Foi deixar morrer na praia
logo o homem que lhe fez!
A melodia encaixava
cada nota com astúcia!
Tal qual as pelúcias
que a vovó costurava.
Fico então a dedilhar
a guitarra invisível
só escuto a geladeira
Que lhe queime o fusível!
Ela fica aqui roncando,
a fingir-se esforçando
Mas sei que a bruxa mente
A cerveja só sai quente!
E também minha barriga
me trai e lhe imita
Ronca a tola atraída
pelo cheiro que restou
da panela já vazia.
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