domingo, 2 de setembro de 2012

New york subway

Túnel turvo
branco e escuro
lugar das esperas
tédio e mazelas

Sinto do fundo
a ventania crescente
empurrada de longe
pela férrea serpente

No fim da caverna
ardem seus olhos
vem bem amarelos
coçando minha perna

Ela pára e me acolhe 
vem seu bafo gelado
e o ar quente torna
a ser empurrado

Trocaram os gases
e a carreira já torna
A fazer as pazes
c'a girante roda

Na noit dos trens vazios
cada um s'encolhe sozinho
Miúdo no lugarzinho
sem soltar nenhum pio

Mas digo oras
new york tem molas
pr'empurrar nossa mente
pra fora da gente

Ao lado a chinesa
se alonga e arqueia
Estende as pernas
e sobe as meias

Ao fundo o careca
com seus tênis verdes
Finge de atleta
que guia mercedes

No meio um ruivasso
faz barras chapado
É graça pro amigo
soluçando um riso

Um barbado ao lado
me ensina o trajeto
Tem farelos no terno
e boceja chapado

N'outro lado uma negra
de bunda saliente
Num curto caliente
me arma sua feira

Já ia falar
do velho calado
de olhar transtornado
Mas ouço soar
o alerta chiado

Parece vitrola
e me põe a cartola
Que comece o baile
e arda minha face
Mas o moço alertou-me
chegou na catorze...




Nenhum comentário:

Postar um comentário