segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Dos homens e suas qualidades e defeitos

O soberano senso comum diz que todos os homens tem suas qualidades e seus defeitos. Nenhum é feito só de um ou de outro. Nenhum homem - trato por homem todos os seres humanos, e não sou machista,é força do hábito - é perfeito em seus atributos, muito menos detestável em ausência dos mesmos. O que me eferveceu essa questão nas entranhas foi o questionamento quanto aos defeitos e às qualidades das personalidades dos homens. Exite uma qualidade que não traga um defeito? Ou melhor, uma característica que não traga seu lado positivo e o seu lado negativo, contrabalanceados? É díficil determinar o que é positivo e o que negativo numa personalidade. O modo de ser de uma pessoa pode ser tanto admirado quanto detestado pelos demais componentes da roda. E, por outro lado, determinada característica pode trazer desgostos ou benefícios para o sujeiro que a carrega na descrição. Digo tudo isso retirando de cena as transformações pelas quais as pessoas, sim, passam. Além, acho pertinente acrescentar, do ponto de vista e da relatividade abstrata desses conceitos.
Por exemplo, um homem extrovertido, de presença. Ele pode cooptar a atenção das pessoas e ser carismático, o que o ajudaria em várias situações de interação social. Além do mais, ele poderia ser bem visto pelos demais, agradável, alguém que anima os companheiros. Por outro lado, ele pode se ver só, por criar interações que não passam da superficialidade momentânea da diversão, não conseguindo preencher vazios existenciais, ou outra carência interna. Ele também pode tornar-se desagradável em certas situações reservadas, ou caso seja muito exagerado. Pode também atrair atenções maliciosas ou criar falsas amizades.
Falo de situações realmente palpáveis. Nada de extravagâncias espirituosas ou filosóficas. Nada de teórico ou grandiosamente conclusivo. Essa reflexão banal que fiz acima é apenas uma elucidação da inconsistência dos termos "qualidade" e "defeito". São generalizações que fazemos das pessoas e de nós mesmos que não passam de preconceitos e idealizações que o próprio homem cria. Defeitos e qualidades não são um consenso geral de classificação humana. Isso seria, primeiramente, inumano. O ser humano tem, claro, suas características de personalidade, mas elas não determinam a essência do homem, ou seja, para ser bem direto e seco, o resultado das mesmas, seja positivo ou negativo para a primeira e para a terceira pessoa presente. Todas essas palavras parecem bem maquinais e rudes tratando-se de gente, mas são apenas abstrações para preparar um palquinho simples para minha singela e óbvia reflexão. Não passam de uma contextualização simplista, mas que logo adquirirá seu sentido.
 Rapidamente fujo dessa teia de confusões quase pedagógicas ou até mesmo dessa imagem pretenciosa que maquio nessas palavras minhas. Sim, seria demais tentar colocar sob o controle das minhas palavras  débeis tanta indeterminação humana, tentar medir um objeto tão gasoso.
 Enfim, o que determina, na minha opinião, a positividade ou a negatividade que emana um ser humano é o próprio modo como ele encara esse emaranhado de características. A existência dessa autocrítica pessoal pode ser, ela própria uma característica psicológica e, consequentemente da personalidade individual. Mas o que reflito, é que essa característica é sumamente envolvedora das outras, justamente por ser o julgamento interno delas. É como o próprio homem encara o "eu". Se ele encara seu rol descritivo, ou que ele imagina ser o seu rol descritivo, como qualidade, ele será uma qualidade. Se ele encara como defeito, será um defeito. E esse auto-julgamento só existe no segundo caso. Porque se julgaria um inocente? Apenas a caracteristica ruim, literalmente, apenas o réu, ou aquele que é acusado como tal que é julgado. Um homem que ignora as acusações a si próprio não tem porque criticar a si próprio e, indo de encontro com as nossas reflexões anteriores, se o homem não critica suas características, julgando-as defeituosas, os defeitos não existem. Ou seja, o lado negativo, que existe de fato em todas as particularidades do ser, é sumamente apagado. Assim apenas as pétalas da rosa são vistas e admiradas. Os espinhos deixam de existir, tornam-se ilusão, uma tormenta que já passou. Basta o homem compreender e aceitar quem ele é para que brilhe como uma estrela ao invés de sugar tudo para sua escuridão, como fazem os buracos negros, frutos das estrelas mortas. A paz abraça aquele que supera seu ego, este ente que vive querendo aparecer mas nunca consegue, pois sempre sente-se inferior e tenta mostrar-se superior, ao invés de aceitar o pé de igualdade que vive o ser humano com seus semelhantes, devido à dualidade de seu ser. Essa dualidade é justamente o equilíbrio do bom e do mau, nenhuma característica e melhor do que a outra, como dissemos antes, tudo tem seu contra-balanço. O que importa realmente é para qual lado das coisas reservamos nosso olhar. O positivo ou o negativo. É deste olhar, deste direcionamento do andar de cada um, do qual é exalada sua energia, positiva ou negativa. O olhar do homem reflete aquilo que ele está a mirar, admirar ou a preocupar-se com.

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