De noite em noite
Me recolho aos farelos
Nessa Iorque tão distante
No meu esconderijo singelo
Meus pés não se cansam
e jamais habituam
A todo escuro tatear
uns degraus pra escalar
A escadinha bem branca
dos degraus emborrachados
A carregar-me o tato
para o macio regalo
E daqui de cima eu fico
espiando o alarido
das ruas esbaforidas
esperando nos lençóis
vir o cheiro da comida
E essa altura me convence
de cada loucura !
Uma rede de marujo
uma nave, aventura !
E num cesto improvisado
ao meu alcance guardo
Livros a me entreter
e um lápis de escrever
Se pudesse eu passava
minha vida neste bote
E num passa de mágica
velejava pela Iorque
De comida nem preciso
só me falta um penico
Comer sonhos já me basta
num instante sou pirata!
É tão bom assim ficar
aventuras a passar
muito mais coloridas
que o metrô sem as meninas
Se ao menos surgisse
neste beliche nas nuvens
um escorregador vermelho,
um sorriso o dia inteiro!
E é tão chato descer
que por aqui mesmo eu fico
Meio-dia é muito cedo
pra quem navega o sono inteiro!
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