Essa tela não me diz o número do meu trem
me mostra uns caminhos
que em segredo se cruzam
O futuro não é travesseiro
me racha o sorriso ao meio
e me rouba as cobertas
E ainda me distraio fácil,
nessas faces veraneias
que posso me perder
Mas meus olhos não podem parar
pras pernas olhar
um trem pode passar
Será que meu trem já passou?
mas ando tão tímido
Se perguntar a uma menina
sairá fosco ganido
E eu acabrunharei mais ainda
se não realizei
minha doce fantasia
De ser-lhe sincero ao todo
abrir meu paletó
pra arder o sol do dia
E ela bem podia
puxar-me a língua
Seria sensacional
mas diz a mulher
que é anticonstitucional
Medroso, olho para os lados
pra fugir pro passado
mas aflito, me viro,
o tempo que roda me solta
um longo assobio
O jeito é
puxar a mão dela
vencer a passarela
e deflorá-la nos trilhos
entregando ao nosso trem
o nome dos meus filhos
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