Poemas são livres
por serem poemas
Desalmados de tanta alma
Destratam corações
carentes demais
Que, talvez egoístas
querem versos particulares
Sequestrando amores
a que ninguém pertencem
Mas este poema
é de um anjo,
por convenção, apenas
um anjo sem penas
que não precisa demais
das coisas preciosas
como ouvidos e asas
Escuta bem mais do que deve
E pousa os pés sobre a neve
Descalçados
Assaz cansados
Mas é todo-coração
Todo pulmão e cobertas e lareiras e cadeiras de veludo e teatros chuvosos e canções de ópera
Ele é todo peito, todo pulmão
todo vida
um anjo alucinado
de queda desvairada
Descalço ou de botina apertada.
É o único anjo
que incendeia as asas
e sobe de mãos dadas
ao céu com este marmanjo
Nenhum comentário:
Postar um comentário