O dia das mães é hoje... E eu não fiz porra nenhuma. Este texto foi remoído, mascado, mastigado e todos os tipos de "apagar e reescrever" mentais existentes. O motivo disso é bem simples, eu tive tempo. Uma semana pensando nesta situação ajuda bastante em uma querida criatividade, mas o "querer ter vergonha" é o grande motivador, e é a fixação do dia, o meu devaneio de hoje.
Eu sabia, e de grande consciência, que eu não ia dar nenhum presente, miserável que fosse, para minha mãe. É dia das mães.Beleza, o dia dela, minha progenitora, aquela que me pariu e que é tanto xingada por minha causa, mas que nem mesmo escuta tais injúrias fedorentas.
Eis então que eu matutei a semana inteira: Qual seria o caminho para não fazer feio neste novo dia das mães? Sabendo que as três últimas datas dessas eu passei na cama numa puta ressaca, passando mal e num estado inconversável. Desde o início da semana, a ideia de comprar um presente, material, palpável, já estava anulada pela desculpa financeira. Tipo: minha mesada não consegue acompanhar estas despesas, no ano que vem eu compro algo, ela não faz realmente questão disto ou, a mais hipócrita, eu vou conseguir fazer algo melhor para ela...
Dispensando outras desculpas gaguejadas, são 6h da manhã e eu continuo sorrindo para a lua, sem mover nenhum dedo necrosado de cigarro fincado em minha mão tola. Claro que eu faço questão de fazer bonito. Meu sonho seria realizar o sonho da minha mãe. Mas não dá. Pensando e pensando, você acaba chegando à conclusão de que, por mais que a bolsa nova que você compre para a sua mãe seja de um vermelho vinho-tinto, a bolsa do ano que vem será de um vermelho chocante, e a do outro ano, beirará o infra-vermelho. Sim, esta é uma outra desculpa tosca, e tudo que eu argumentar hoje não vai passar de uma desculpa tosca. Em outras palavras,uma desculpa esfarrapadinha.
Poisé, continuando a viagem, eu queria muito ter a gana, o amor de dedilhar mil amores para minha mãe aqui, ou, pelo menos, arrepender-me de não tê-lo feito, Mas acontece que tanto faz. Não há nem um nem outro. Eu continuo aqui tal qual uma rocha desmaiada no fundo do mar. Refletindo pensamentos tão submarinos quanto o naufragado Titanic. Submarinos mesmo, abaixo do meu próprio senso comum, que seria a nossa superfície respirável. E eu não vou comprar um embrulho bonito para você, justo porquê hoje é o dia 13 de maio de 2012. Vou apenas escrever isto porque tenho muita vontade, porque é algo que anda muito latente desde que eu comecei a pensar em presentes maternos. Bem, seu maior presente é ser você, e eu quero que o meu maior presente seja ser eu, filho seu. Não é nada megalomaníaco nem ideal. É apenas sonho de filho.
Feliz dia das mães, linda. Eu vi tantos jovens, como eu, comprando belos presentes para suas mães, que eu me senti envergonhado. Mas acho que eu me envergonho mais falando que eu estou envergonhado, do que "pagando este mico com você". Mas este devaneio atrasado foi o melhor que eu pude assoprar na tua cara agora. E me desculpe o bafo de cerveja.
Eu te amo, Rafael.
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