sexta-feira, 29 de junho de 2012

sion sion

E o sion respirava
a fumaça qu'eu tragava
com meus jovens camaradas
em suas ruas já  domadas

entre o chão duro e o céu cinza
irritando os velhos ranzinzas
entre os prédios pequenos
o problema era os senos


O chinelo e o boné
da juventude iludida
andando a pé
despreocupada e fodida
fazendo sua moral
onde está o ilegal?

numa vida inventada

marionete bem bolada

Rg falsificado
e mijar na esquina
correr do malaco
imitando sua rima


Na madrugada calada
não é mais sagrada
a  velha-ordem horizontina
da madame figura
que espia da cortina
na alta cobertura



Nas noites vazias
nem carro queria
a rua largada
essa hora era nossa

Gritando no escuro
pr'acordar o chegado
invadindo o sono
do patrão grande dono

Domingo e ressaca
me liga pra xingar
"foi você seu babaca,
não vai variar?"

E depois vem a prosa
sonhando bocetas
fumando cervejas
rir alto no bar
pois, no nosso sion
não chega o mar

Na segunda triste
de volta à superfície
arrastando o corpo
de volta a escola
seguindo de novo
a ordem das horas


E a poderosa irmã
todo dia vigiando
a conduta sã
da malícia brincando

tirar sarro n'intervalo
e filar um enrolado
vadiar na pracinha
e depois ir chicago

E enquanto cantamos
a serra protege
violões e mulheres
no curral se esquece

Pois ligar o foda-se
não era escroto
era um riso maroto

era  rir da vida minha
que ninguém mais tinha

Mas agora é história
nossa boa adolescência

as casas caíram
e os prédios subiram
agora é seguro
ninguém mais pixa muro

Minha vida que se vai
era descer california
e subir uruguai
ficou para a saudade
a pequena idade

é, já passou o tempo bom
mas não há quem não se lembra
dos meninos do sion


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