E o sion respirava
a fumaça qu'eu tragava
com meus jovens camaradas
em suas ruas já domadas
entre o chão duro e o céu cinza
irritando os velhos ranzinzas
entre os prédios pequenos
o problema era os senos
O chinelo e o boné
da juventude iludida
andando a pé
despreocupada e fodida
fazendo sua moral
onde está o ilegal?
numa vida inventada
marionete bem bolada
Rg falsificado
e mijar na esquina
correr do malaco
imitando sua rima
Na madrugada calada
não é mais sagrada
a velha-ordem horizontina
da madame figura
que espia da cortina
na alta cobertura
Nas noites vazias
nem carro queria
a rua largada
essa hora era nossa
Gritando no escuro
pr'acordar o chegado
invadindo o sono
do patrão grande dono
Domingo e ressaca
me liga pra xingar
"foi você seu babaca,
não vai variar?"
E depois vem a prosa
sonhando bocetas
fumando cervejas
rir alto no bar
pois, no nosso sion
não chega o mar
Na segunda triste
de volta à superfície
arrastando o corpo
de volta a escola
seguindo de novo
a ordem das horas
E a poderosa irmã
todo dia vigiando
a conduta sã
da malícia brincando
tirar sarro n'intervalo
e filar um enrolado
vadiar na pracinha
e depois ir chicago
E enquanto cantamos
a serra protege
violões e mulheres
no curral se esquece
Pois ligar o foda-se
não era escroto
era um riso maroto
era rir da vida minha
que ninguém mais tinha
Mas agora é história
nossa boa adolescência
as casas caíram
e os prédios subiram
agora é seguro
ninguém mais pixa muro
Minha vida que se vai
era descer california
e subir uruguai
ficou para a saudade
a pequena idade
é, já passou o tempo bom
mas não há quem não se lembra
dos meninos do sion
Nenhum comentário:
Postar um comentário