Senti na tua demora
Uma saída sorrateira
tentando ser francesa
do meu abraço trepidante.
Quis antes meu tapa,
pra dar-me uma noite de pernas e lábios,
à minha lágrima carente?
pois só amas quem mente?
Em tua alva pele
senti teu sabor duvidoso
de quem só é tragado
ao ser empurrado
Empurrá-la pra quê
se se faz amor junto?
Impaciente eu serei
E que se foda essa lei
de etiqueta amorosa
de falsidade indecorosa
Então vou me expôr
como um filme na tela.
mesmo que eu durma sozinho
e, por fim, fique sem ela
Aqui está uma via de escape, uma tentativa de despejo mental, uma aspiração à escrita, um sonho jovem, uma preguiça caseira. beijos e abraços, Rafael
domingo, 22 de abril de 2012
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Pode doer
Porque não diz sim pra contra-mão?
A corrente não é tão brava assim, seus remos talvez não quebrem.
Talvez eles te levem longe o suficiente.
Bem, é melhor arriscar-se num talvez do que sentar e esperar o rio secar.
Vai percorrê-lo e depois abrir uma torneira mágica?
Vamos inventá-la então? Ajudaria bastante.
Tarde demais. Somos ridículos agora.
Quem anda por aí, tenso.
Olhares rasteiros sem vida.
Cala-se sem ouvintes? Fala para ser ouvido?
O trava-línguas que lhe manda pagar tudo.
Consegues recitá-lo?
Ou melhor, fingir que não ouviu nada de interessante?
Ah, sem choro nem vela. A luz não está tão ofuscante, basta colocar um óculos escuros bem caro e abrir os olhos lentamente...
Não vai doer nada.
O gago não gagueja porque ninguém o pressiona, tente colocar um cano engatilhado na cara dele.
Se ele chorar, atire.
Ele preferiria fugir do que te ouvir, pensemos nisto. Ele iria rir de você depois de estar foragido, olha que ultraje.
Agora vamos respirar. Pena que está cheirando mal.
Talvez a sua falta de ar seja devido à respiração tóxica dele.
Vamos abrir uma janela grande de verdade. Não é tão pesada assim.
Alguns camaradas podem ajudar!
Dá-lhe logo uma escova de dentes. O hálito fedido está causando náuseas perigosas em mim. Posso enlouquecer .
Além disso, os dentes estão caindo.
Seria bom, pelo menos, manter uma boa aparência né. Deixar nossa consciência meio limpa.
E eu duvido que você já tentou olhar no olho dele.
Sabe porque?
Simplesmente porque você não riu da minha cara quando eu duvidei disto. Ele nem mesmo tem olhos para se olhar, tolinho. Como você olharia neles então?
Arde.
É tudo preto, que medo.
Medo de que? Posso imaginar o fim da história.
No pior eu já estou.
Acho que é medo de levantar, me mexer... Vai que eu quebro uma costela.
Pode doer.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Ideais
Vejo pessoas que não se cansam de defender ideais falsificados, angústia. Algo sistemático, raiva. Ideais que elas acharam perdidos por aí, ou ideais que foram gritados em seus tímpanos, ou ideais sobre os quais elas foram obrigadas a escrever, ignorância.
Um ideal vem do coração. Não há como defender um ideal pensado, sem senti-lo ardendo nas entranhas. Há uma gana, uma explosão ácida de motivações, que não é simplesmente colocada no peito. Ela nasce lá. Cada um tem a sua bomba relógio. As vezes só é necessária uma chama para acender-se o pavio.
Um pregador maquiavélico não faz nascer suas pregações nos corações alheios, seus supostos ideais. Ele encena um argumento que, o ser humano que não possuir ainda o próprio, ou, por fraqueza, for movido pelo seu egoísmo, acaba adotando por infortúnio. Há ainda casos em que falta coragem para que ideais sejam assumidos.
O idealista de verdade concorda, mas não se submete. Defender um ideal que não se sentiu na alma, no ato do seu florescimento, é tão perigoso quanto deixar as decisões individuais nas mãos de outrem. Ninguém vai viver a vida de outra pessoa pensando com a própria pessoa pensaria, elas são diferentes. Não necessariamente de boa ou má índole.
Uma simples interpretação, ou má interpretação, de palavras retóricas, pode enterrar um ideal junto com seu idealizador. Pode ser criada uma cópia totalmente falsa. É um disco com a mesma capa, mas com outras músicas.
domingo, 8 de abril de 2012
Qual é a tua, mente, de achar que se conhece. Qual é a tua, cabeça, de tentar se fazer sozinha.
Qual é a tua de ignorar o que vem de fora, para encantar-se com si mesma. Bloquear suas fluências ao forçá-las em vão.
Qual é a tua.
Qual é a tua de achar-se controlável. De preocupar-se consigo mesma, sendo que assim se esconde das belezas do mundo. De levar-se ao nada tentando fugir de si própria.
Qual é a tua de bater no ego, qual é a tua de se proteger.
Qual é a tua de tentar entender.
Qual é a tua de não ignorar as próprias demências, diferenças, insuficiências. De não amá-las e expô-las, francamente.
Qual é a tua de não querer sair da linha perfeita, de não escolher a si própria e sim a todas as outras juntas.
Qual é a tua de não ter coragem de correr ao infinito sem tentar agarrá-lo.
Qual é a tua de não conseguir caminhar de olhos vendados. De não rebentar-se em qualquer muro e explodir-se num turbilhão de cores inventadas por você própria, ali, na hora.
Qual é a tua de não parar de pensar "qual é a tua"?
Qual é a tua de ignorar o que vem de fora, para encantar-se com si mesma. Bloquear suas fluências ao forçá-las em vão.
Qual é a tua.
Qual é a tua de achar-se controlável. De preocupar-se consigo mesma, sendo que assim se esconde das belezas do mundo. De levar-se ao nada tentando fugir de si própria.
Qual é a tua de bater no ego, qual é a tua de se proteger.
Qual é a tua de tentar entender.
Qual é a tua de não ignorar as próprias demências, diferenças, insuficiências. De não amá-las e expô-las, francamente.
Qual é a tua de não querer sair da linha perfeita, de não escolher a si própria e sim a todas as outras juntas.
Qual é a tua de não ter coragem de correr ao infinito sem tentar agarrá-lo.
Qual é a tua de não conseguir caminhar de olhos vendados. De não rebentar-se em qualquer muro e explodir-se num turbilhão de cores inventadas por você própria, ali, na hora.
Qual é a tua de não parar de pensar "qual é a tua"?
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