quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Devaneio sobre os aventureiros: conquistadores e viajantes.

     Hoje eu resolvi falar dos aventureiros. Quando eu penso em um aventureiro, eu consigo imaginar os conquistadores e os viajantes. Os dois querem adquirir riquezas, mas eu considerarei, como estereótipo, que o conquistador precisa buscar, empossar, dominar, enquanto o viajante não busca nada, nem mesmo procura algo, ele apenas admira, e essa é a sua maior riqueza.
     Usar as palavras 'viajante' e 'conquistador' não quer dizer que um conquistador não seja um viajante, ou qualquer outra definição empecilhenta, são apenas estereótipos. Poderia ser conquistador, desbravador, invasor, caçador. Um substantivo precisa ser, antes, adjetivado pelo seu entendedor, para ganhar o seu significado. Estou apenas dando nome aos bois, e os nomes não determinam os bois e nem os bois determinam os nomes, é apenas como vou chamá-los, seus apelidos. Tal como o Joãozinho, não precisaria ser, necessariamente, pequenininho.
      É extremamente difícil separar as duas coisas, pois existem viajantes, que pela simples presença, buscam, empossam ou desbravam parte do mundo à sua volta. A grande diferença está no sentimento que norteia os passos de cada um. O referido conquistador é guiado pelas suas glórias, ele projeta suas conquistas para projetar a si próprio. O viajante é diferente, o sonho dele é projetar para as pessoas o mundo que ele admira e ama, para que este mundo seja cada vez mais amado e admirado. E ele apenas sonha com isso, não é pragmático nem mesmo um manipulador da opinião alheia.O viajante não se incomodaria caso ridicularizassem as suas viagens e não se orgulharia caso as enaltecessem, seguiria apenas admirando.
      Uma aventura, no caso viagens e conquistas, não é necessariamente velejar, voar ou andarilhar pelos quatro cantos do mundo. Para certas pessoas, sair de casa é uma aventura especialmente difícil. Não me refiro às dificuldades físicas, como as enfrentadas por quem tem algum problema sério de saúde. Mas sim às dificuldades do espírito do ser humano. Aquele espírito inerte, mofado, encontrará grandes obstáculos para Viajar. Não que isso o impossibilite de ir trabalhar ou pagar uma viagem caríssima para as ilhas Java, mas isso molda o modo como o homem vai encarar a realidade à sua volta, as suas aventuras.
       Isso não impede que ele saia correndo de sua casa, caso ela esteja ardendo em chamas, mas impede que ele desvie o olhar do computador, para olhar o céu azul através da janela. Ao andar na rua, ele não percebe o desenho das folhas descansadas no chão, ele repara apenas no mendigo empoeirado do qual deve-se desviar apressadamente.Observar a beleza daquelas folhas é poético, ver as diferentes tonalidades que variam de acordo com a sua maturidade. Verdes, amarelas e marrons, embaralhadas de forma que, mesmo aleatoriamente, formam um mosaico que nunca será repetido por ninguém. Essa é a aventura de um viajante, que parabeniza silenciosamente a obra de arte da mãe natureza em meio à cidade cinzenta. Já, desviar de um homem estirado na calçada, é uma conquista. O conquistador sobrepuja assim, mais uma armadilha que a selva de pedra preparara, sorrateiramente, para ele, naquela tarde de outono.

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