quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Sonho...

UTOPIA VERSUS SONHO

Ao investigar a fundo a diferença entre uma utopia e um sonho, é possível enxergar uma característica marcante, que é para os sonhadores, um grande divisor de águas. A utopia é uma aspiração inalcançável, um castelo de areia, que acaba desmoronando. Já o sonho, é realizável, é o desejo que mantém acesa a chama da esperança. Quem não sonha, não tem esperança. Quem não tem esperança, não vive, apenas vê o tempo passar.

Afirmar que o homem é ruim por natureza e que o bem comum é utopia, é deixar de sonhar, é fugir da linha de frente. “Cada um por si e todos contra todos” afirmam esses, que acreditam que o homem é realmente o lobo do homem. Cada vez menos pessoas pensam dessa forma. De um jeito ou de outro a humanidade está evoluindo, só não dá para saber onde isso vai terminar. Muitas das pessoas que não acreditam nesse sonho, que não acreditam no ser humano, acham que todas as pessoas do mundo o fazem também. O lobo é quem, por covardia, tem medo de ser vencido, o lobo é quem pensa que, para ser feliz ou para sobreviver, precisa acabar com a pessoa que ele acha que está na frente. O triste, é que poucos percebem que uma pessoa só fica à frente, quando ela é colocada lá por quem acha que está atrás. Os motivos deste posicionamento já não são da competência desta reflexão. Sigamos então.

Esses supostos competidores vorazes são sempre a minoria. Eles querem chegar ao topo da pirâmide, que é sempre mais fino, e que também é composta por uma minoria. Porque então, acha-se que a maioria dos homens é ruim por natureza? Porque aceita-se essa blasfêmia mundo afora? Porque os homens aceitam serem esmagados pela competição? Porque a maioria dos homens não vive com dignidade? O homem é apenas frágil. Ele fica desiludido, e acaba sendo envolvido pela idéia de que um alguém ganha enquanto outro alguém perde. O homem fica com medo de perder. Essa covardia humana é normal, diga-se que é humana, mas pode e deve ser superada.

Já passou da hora do homem superar esses instintos, afinal, não somos racionais? Aprendemos muito com a nossa história. Muitas vezes, quando alguém declara que o melhor vencerá, desencadeia uma competição em que todos tentam ser esse melhor. Mas, nas entrelinhas, sempre há muitos exemplos de reviravoltas. por toda parte há belos exemplos de belas pessoas, que são, na realidade, a grande maioria.

É claro que os exemplos de humanidade aos quais a sociedade é exposta, sendo negativos ou positivos, influenciam a mentalidade. Atualmente todos são invadidos por uma avalanche de notícias ruins e pessimistas, todos vivem situações em que se desapontam com o próximo. São essas influências que acabam enfraquecendo os sonhos de muitas pessoas. É isso que deve ser combatido, há um mundo enorme e belo por aí.

São dentro deste contexto de corrupção, problemas educacionais, desrespeito às diferenças, em que se diferenciam sonho e utopia, um sonho é realizável. A educação traz o pensamento crítico e o conhecimento, mas também ensina a sonhar, e a acreditar que todo sonho é possível.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Rascunho de uma letra

Era para ser a letra de uma música, o final ficou repetitivo, mas encaixou na melodia. Sendo apenas um rascunho, se tornou mais uma poesia, ou qualquer coisa do tipo! Aí vai:


Pare de me perguntar
A verdade do universo
Somos tolos animais
Cansados de sofrer

Não vá sentar e esperar a sua vez
Pois no final, você vai morrer

Vá nadar nos sete mares
Escalar nossas montanhas

Não conte o número de estrelas
Diga apenas se elas são belas

Ganhe o mundo e seja,
a primeira valquíria
a pisar em marte.

Quebre o paradigma
Seja a pioneira da vanguarda

Mas com coragem
Pois dessa vez,
vai só você...

Suas perguntas não vão te ajudar
Quanto mais te respondem
Mais tu perguntas
Quanto mais tu descobres
mais te perdes

Tente descobrir as cores
e não as medidas

Tente cantar
e não soletrar

Tente mastigar
e não engolir

Tente a melodia
e não as notas

Tente o sol
e não os ponteiros

Tente se despir
e não se vestir

Tente caminhar
e não dirigir

Tente sorrir
e não insistir

Tente qualificar
e não quantificar

Tente pelo cheiro
e não pela aparência

Tente a transparência
e não o opaco

Tente ser um rio
e não um oceano

Tente ser macaco
e não o deus grego

Tente sonhar
sem realizar

Tente ser seu
e ser de todos

Tente ser original
sem ser ideal







domingo, 25 de dezembro de 2011

Devaneio natalino

Devaneio natalino, dominical e natalino. Jaz aqui então, um devaneio especial, abraçado à esta data singular. O que vou escrever aqui não seria escrito se não estivéssemos no dia 25 de Dezembro, pois, independente de religião, condição social, crenças, não é uma data qualquer. Quando a grande maioria da população celebra o natal, você acaba ficando à mercê daquilo, você escuta vários "Feliz natal", vê fios de luzes entrelaçando as árvores por toda a cidade, convive com as lojas enfurnadas de gente e assiste aos shoppings se transformarem em currais, com seus enormes rebanhos.
Eu estava na casa de uma Tia, por parte de pai e iria repartir meu dia 25 entre duas famílias. Quem é filho de pais divorciados conhece esse tipo de situação. Dentro do meu círculo de classe média alta, o mundo que fervilha fora do eixo zona sul ainda é uma ilha ultramarina que, para ser alcançada, demanda ainda a travessia de um oceano de vivências. Quando peguei o telefone para ligar para o taxi pensei:" o que um sujeito estaria fazendo trabalhando hoje?". O natal sempre foi aquela data familiar, casa de vó, casa de tia, almoço farto, vinhos e boas conversas. O mundo parava na minha cabeça, e fazia tempo que eu não refletia sobre quem girava as manivelas da vida em momentos como aquele, em que em cada casa, uma família se unia amorosamente. Quando eu era pequeno, eu imaginava que, se alguma casa pegasse fogo ou alguma pessoa infartasse no natal, as pessoas envolvidas estariam literalmente fodidas. Os hospitais estariam fechados e os bombeiros deitados no sofá com a barriga cheia. Depois de crescer e começar a entender um pouco mais sobre o mundo, que eu descobri que,trabalhando algumas horas extras no natal, um pai de família conseguiria comprar presentes mais belos e atraentes para seus pequenos filhos. Normal, a dúvida estava resolvida.
O taxi chega e eu sento no banco da frente. Comprimento o motorista olhando-o de relance, enquanto coloco o cinto de segurança e desejo-lhe feliz natal. Ao ouvir a voz rouca e velha me respondendo, de modo quase inaudível, me virei para ele. Acho que ele respondera as saudações natalinas, mas fora quase um resmungo, um cuspe. Ele era um homem velho, por fora e por dentro. Segurava o volante de modo cansado, e seus olhos opacos estavam afundados na sua pele rachada de rugas, como desfiladeiros negros. Assustei-me um pouco, aquele sentimento desgostoso da vida, impregnado no homem, me mostrou um lado mau do natal. Um lado que fez as reuniões de família e a alegria que sobrepunha a todas as angústias nos meus natais, se transformarem em uma máscara. Aquele homem parecia conformado com um mundo amargo, desiludido com a humanidade, como se a vida fosse apenas o ato de empurrar uma enorme pedra, até ser vencido pela fadiga e cair, inerte. Talvez isso explicasse a labuta no dia 25 de Dezembro, ou não. Tentei enfileiras as vivências daquele sujeito, sua família, suas glórias e decepções, toda a sequência de capítulos que resultaram naquilo. E os outros natais? E sua juventude? Em qual tropeço da vida que a sua alma escorregou de suas mãos e estraçalhou-se no chão? Eu tive vergonha de encarar aquele homem, justamente por ter sentido dó. Senti-me covarde e impotente, diante da mediocridade humana que pairava naquele ar.
A sua vida é a coisa mais importante que você possui, recheada de surpresas, sentimentos e experiências diárias. Agora, perceba que todas as pessoas possuem a sua própria vida, e essas existências, são tão "vidas" quanto a sua. Ela está sempre ali, presente, as pessoas vivem sua vidas 24h por dia, é o mundo particular de cada um. Mesmo que a vida de outras pessoas seja triste ou feliz, ela tem o mesmo valor que a sua. Até mesmo para os suicidas, que muitas vezes dão tanta importância para a vida deles, que não suportam vivê-la de um modo imperfeito. Agora imagine o tanto de vidas valorosas que acabam se esfarelando, que são pisadas, ignoradas pelo mundo. A alma, que tanto valoriza sua respectiva vida, ao vê-la minguar diante do mundo, apodrece paralelamente. E, foi isso que eu vi, uma alma apodrecida. Quedei-me mudo durante todo o trajeto, indo dos casarões do Mangabeiras para os prédios suntuosos do Lourdes, enquanto o homem dirigia. Geralmente proseio com os motoristas de taxi, papos bobos, alguns comentários aqui e outros ali, mas, dentro daquele taxi, fiquei apenas olhando pela janela e sentindo o calor rubro do vinho viajando pelo meu corpo em espasmos. Não sei se senti vergonha da minha vida, ou se questionei a minha felicidade, mas, no natal, este contraste de vidas humanas foi assaz bruto. O ser humano é encantador, mas hoje eu vi o reflexo da sua face mais voraz.

Epitáfio colegial


Acabou-se o colégio, fica então minha homenagem à esses bons tempos, em nome de uma saudade já premeditada:


Às vezes parece velho
Como um filme noir et Blanc
Que atuamos há tempos
E o roteiro está no ar
Foram tantas cenas, cortes
Foram tantos sorrisos, lágrimas
Minguaram pequenas tramas
Ontem tão apaixonantes
Hoje tão desimportantes
Tantos amores sonhados
Tantas tristezas digeridas
Tantos braços dados
Tantos segredos esquecidos
Mais uma página virada
Outra música cantada
Mas nosso filme está gravando
Nossa vida está chamando
Brindo assim essas histórias.
E guardo então nossas memórias.



PRIMEIRÍSSIMA DAS PRIMEIRAS

Nenhuma indigestão, nada para criar então. Começarei publicando alguns materiais antigos que venho encontrando pelas gavetas e escondeirijos do meu quarto e outros mais recentes que me agradaram...  Mas, por agora, segue uma homenagem ao dia de hoje, 25 de Dezembro. Fugindo do papo sobre capitalismo, segue aí um dos bons frutos natalinos:
MAESTRO, MÚSICA !